segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

De virada, no peito e na raça

 


Por Wagner Luiz Serpa

Não é clubismo, não mesmo. Também não é conversa de torcedor, de forma alguma. Verdade é que tudo está claro como a água: forças ocultas não querem o octacampeonato do Flamengo. Não é necessário enumerar os fatos, pois, você que é torcedor tem acompanhado a parcialidade com que o time da Gávea tem sido tratado e, quanto a isso, não se tem mais dúvida, pelo menos não depois do jogo desta noite contra o Bahia, e contra a CBF, na cidade do Rio de Janeiro.

Foi no peso gigante da camisa rubro-negra que, mesmo tendo um jogador expulso inexplicavelmente nos primeiros minutos de jogo, o Fla abriu dois gols no placar no primeiro tempo, levou a virada com menos de 15 minutos da segunda etapa e, contra tudo e contra todos, quando ninguém mais esperava, no peito e no passe de letra de Pedro, no oportunismo de Vitinho e na raça pura e negra de Gérson que a vitória épica, histórica e inesquecível foi arrancada em pleno Maracanã.

Foi mais ou menos assim: com apenas quatro minutos de peleja, tudo vermelho e preto. Bruno Henrique achou um espaço no meio-campo e acertou chute raro no ângulo abrindo o placar.

Mas cinco minutos depois, um dos episódios que marcaram negativamente o confronto: Gabigol levou o cartão vermelho de forma inesperada e sem um motivo que podemos chamar de justo. Alegou o árbitro que o jogador teria proferido palavras de baixo calão em sua direção. Será? Incrível é que o mesmo se encontrava de costas pro atacante naquele momento.

O jogo seguia e o Fla dominava as ações mesmo com um atleta a menos. Aos 32, BH27 foi lançado na grande área, dominou a bola, passou a frente do marcador e rolou pra Isla ampliar: 2x0.

O time do Ninho fazia excelente partida até então, mas, após o intervalo, as coisas se complicaram. O Fla voltou desligado do vestiário e com 14 minutos do segundo tempo o Bahia já havia virado o placar e vencia por 3x2, com gols do colombiano Ramirez e dois do atacante Gilberto.

O jogo pegava fogo. Além dos gols, muita discussão entre jogadores, dirigentes e treinadores, dentro e fora de campo. O meia Gérson era um dos mais alterados e visivelmente indignado com algo que acontecera em campo.

O jogo seguiu e, mesmo com a já citada inferioridade numérica, além de estar atrás do placar, o time da Gávea colocou a cabeça no lugar, buscou forças, teve personalidade e foi atrás do resultado.

Aos 36, Pedro, recém saído do banco de reservas, escorou de peito cruzamento de Filipe Luis e deixou tudo igual. O Mengão então se encheu de gás e foi pra cima. Queria mais, queria a vitória. E não é que ela veio.

Aos 44, após passe acrobático de letra de Pedro, Vitinho, que também saíra do banco, tocou suave para as redes e sacramentou a vitória suada e dramática dos donos da casa.

A bola parou de rolar aos 52 minutos, mas o embate continuou mesmo após o apito final. O meia Gérson, um dos destaques do duelo, veio às câmeras de TV e fez grave denúncia de injúria racial contra Ramirez do time baiano. Tal fato teria ocorrido no decorrer do segundo tempo e foi só aí que entendemos o que tirou do sério o nosso craque naquele momento.

Não há muito o que se falar sobre esse tipo de episódio, esses que exorbitam a esfera esportiva e viram caso de polícia. Nós, enquanto torcedores, lamentamos profundamente ter que vivenciar tamanha estupidez em pleno século XXI e a única coisa que podemos fazer é exigir sim uma resposta à altura das autoridades na esfera que tiver que ser.

Quanto ao jogo, vencemos na bola, no peito, na raça e no ‘modo’ Flamengo e foi uma daquelas vitórias pra encher de orgulho o torcedor, pra inspirar o elenco e arrastar todos na direção ao que nos restou nessa temporada. A virada emblemática dessa noite pode ter marcado a retomada definitiva em busca da liderança.

Quem sabe não fomos campeões no jogo de hoje e ainda nem sabemos disso?

SRN.

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sábado, 5 de dezembro de 2020

Flamengo vence, sobe na tabela e alivia a pressão


 Por Wagner Luiz Serpa

Botafogo e Flamengo se enfrentaram há pouco no estádio Nílton Santos no Rio de Janeiro. Clássico carioca deste final de semana no Brasileirão, os donos da casa começaram melhor, o time do Ninho se recuperou ainda no decorrer da primeira etapa e passou a dominar o certame. Com gol único, conquistou vitória importante pro decorrer do torneio.

Após a eliminação do Fla na Copa do Brasil e Libertadores, a atenção se voltou exclusivamente ao campeonato Brasileiro e o sucesso na partida de hoje se tornava fator de suma importância pra retomada do caminho em busca da liderança.

O time de Rogério Ceni veio no tradicional desenho 4x4x2, com Éverton Ribeiro pela direita, Arrascaeta caindo pela esquerda, Bruno Henrique e Pedro atuando mais centralizados. Até aí tudo bem. No entanto, o problemático miolo de zaga mais uma vez foi escalado com o questionado zagueiro Gustavo Henrique, protagonista de inúmeras falhas que já nos custaram pontos perdidos e até mesmo eliminações.

O duelo se iniciou com papéis invertidos. O Mais Querido, de elenco badalado e com o maior investimento do país, começou o jogo encolhido em seu campo, desatento, errando passes e com muita lentidão na movimentação. O Alvinegro, por sua vez, tentava uma pressão e encaixava bem a marcação na saída de bola do rival. Mas foi só no começo.

À medida que o confronto se desenrolava, as ações foram se equilibrando e não demorou pros visitantes terem mais a bola e a iniciativa da maioria das jogadas. O Glorioso passou a apostar então nos contra-ataques na tentativa de abrir o placar.

Mas o que faltava era aquela velha criatividade do setor ofensivo rubro-negro, as tabelas de ultrapassagem, o toque diferenciado. Ao invés disso, se limitava a alçar bolas na área pra ver o que acontecia. No primeiro tempo não aconteceu nada.

Após o intervalo, o Fla seguia com a mesma pegada, tanto que aos nove minutos, num erro de passe do adversário, a bola sobrou pro meia Gérson que rolou pra ER7 finalizar com classe e abrir a contagem.

Com o placar adverso, o Fogo fez substituições pra se tornar mais ofensivo e tentar a reação, mas não surtiu efeito. O que continuava a se ver era o campeão brasileiro no ataque, mesmo sem muita efetividade, mas controlando relativamente bem o embate.

Mas isso foi até os 43 minutos, quando uma bola enfiada nas costas dele, Gustavo Henrique, sempre mal posicionado e atrasado, o defensor não teve outra opção se não fazer a falta no limite da grande área e, por ser o último homem, receber o cartão vermelho. Na cobrança, o arqueiro Diego Alves fez a defesa, acalmou o coração da magnética e garantiu os três pontos na tabela.

Hoje, mais importante que uma atuação convincente era vencer, subir na tabela, aliviar a pressão, demarcar território na ponta do campeonato e tentar esquecer, pelo menos por enquanto, o monte de coisa errada que anda acontecendo lá pelos ‘reinos’ da Gávea. Quem ama o Flamengo de verdade é o torcedor e nós estamos de olho.

SRN.

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Fim da linha: Flamengo é eliminado na Libertadores

 


Por Wagner Luiz Serpa

Um jogo tranquilo, controlado e relativamente fácil, várias chances claras de gol perdidas e uma expulsão infantil. Na sequência, um gol que poderia ter sido o da eliminação. Entre uma e outra substituição sem sentido, mesmo assim, no último suspiro, o empate e o renascimento. Mas ainda tinha a disputa de pênaltis. A cabeça salvadora de Arão de minutos antes, de nada adiantou diante do chute mal colocado do mesmo jogador. A derrota arrombou nossa porta e sequestrou de vez o sonho da Glória Eterna. O campeão sucumbiu nas oitavas da Libertadores.

A noite era chuvosa no Rio de Janeiro e o péssimo gramado do Maracanã aguardava a entrada dos jogadores de Flamengo e Racing para decidir quem passaria às quartas de final do torneio continental. Escalado num 4x2x3x1, o Rubro-negro começou o embate classificado, já que o 0x0 era favorável aos donos da casa.

O Mais Querido tinha boa atuação e o domínio das ações desde o primeiro minuto de jogo, pressionava com intensidade a primeira linha dos argentinos, tinha mais posse de bola e mais finalizações, no entanto, pelo menos três gols claríssimos foram perdidos na primeira etapa, chances essas que fariam falta lá na frente.

Aos 26 minutos, o zagueiro Rodrigo Caio, que voltava a atuar pelo Fla após mais de dois meses de inatividade, levou um cartão amarelo por falta dura no meio de campo, punição essa que mudaria o rumo da partida na segunda etapa.

Após o intervalo, o time da Gávea mantinha a pegada, variava as jogadas pelas pontas e sempre dava um jeito de encontrar espaços entre as linhas da equipe de Avellaneda. Mas seguia perdendo gols que não se pode perder numa competição de mata-mata.

O jogo transcorria de forma segura até os 17 minutos do segundo tempo, quando Rodrigo cometeu falta desnecessária, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. Nesse momento, o roteiro do jogo começaria a mudar. No lance seguinte, um lançamento pelo alto na área, o zagueiro Gustavo Henrique se enrolou com a bola e permitiu que o defensor Sigali abrisse o placar.

Detalhe sórdido é que o Racing, mesmo com um homem a mais, continuava encolhido e era o time de Rogério Ceni que pressionava, como fez o jogo inteiro. E por falar em Ceni, diga-se de passagem que o treinador não foi nada feliz em suas substituições nesse confronto, tirou os meias De Arrascaeta e Éverton Ribeiro, os cérebros pensantes, manteve Vitinho mesmo com o atacante atuando muito mal e demorou deveras pra colocar o artilheiro Pedro.

Muita pressão mas sem sucesso, o Flamengo não conseguia romper o sistema defensivo do rival. E quando tudo já se encaminhava pro derradeiro, aos 47 minutos, Willian Arão desviou de cabeça um escanteio cobrado por Diego Ribas e empatou o duelo. Seria nos pênaltis a decisão da vaga.

Nas cobranças, os argentinos converteram todas as suas cinco. Foi quando o herói improvável, o “tá mal Arão” eternizado por JJ, de paladino salvador da noite se tornou vilão poucos minutos depois: chutou mal sua penalidade e sacramentou a eliminação.

Porém, não foi no erro capital do volante que o Flamengo foi eliminado ainda há pouco. Não! Essa derrocada vem se construindo há meses e é o resultado de uma sucessão de equívocos que vêm ocorrendo lá pelos lados do Ninho. Passa pela saída inesperada do técnico português e pela escolha desastrada de um treinador catalão sem capacidade e sem perfil para o cargo. Transita pela escolha amadora, meio que no estilo ‘catadão’, de membros da comissão técnica e do departamento médico. Tem relação com a insistente escalação de jogadores que já provaram por A mais B que não possuem condições técnicas e/ou psicológicas para vestir camisa tão pesada. Pra começar a explicar essa eliminação, a conversa obrigatoriamente seria nesses termos.

Por fim, como sabemos, todo Flamenguista que se preza tem verdadeira obsessão pela Copa Libertadores. Lamentavelmente, esse ano não deu e o que nos resta agora é sonhar com, pelo menos, o título do Brasileirão, o que diante dos últimos resultados já seria uma boa ‘emenda’ pra todo esse ‘soneto’ desastroso.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Flamengo sofre, mas consegue bom resultado na Liberta

 


Por Wagner Luiz Serpa

Nos dias que antecederam a batalha desta noite na cidade de Avellaneda, muito se ouviu falar que os donos da casa estariam em má fase, sobretudo na liga nacional. De fato, perderam todos os quatro jogos que disputaram no campeonato argentino, no entanto, não podemos esquecer que a mesma equipe venceu cinco das seis partidas da fase de grupos da Taça Conmebol. Temos que reconhecer que os argentinos sabem como jogar Libertadores e não à toa já venceram 25 edições do cobiçado torneio.

Em duelo disputado, corrido e equilibrado, foi no estádio El Cilindro que Racing e Flamengo se digladiaram ainda há pouco debaixo de muita chuva. Dadas as circunstâncias, o empate foi um excelente resultado, pelo menos para os visitantes.

O time do treinador Sebastián Beccacece iniciou o confronto marcando forte e marcando alto. Resultado disso, foi a extrema dificuldade na saída de bola do Mais Querido. Os rivais já estão ligados na falta de qualidade da defesa rubro-negra e querem mais é explorar isso nas costas de jogadores como Renê, que hora joga mal na esquerda, hora joga mal improvisado na direita. Thuler foi outro que não teve boa atuação.

Mas ninguém se compara à letargia e a incompetência de Léo Pereira, um dos piores zagueiros que já passaram pela Gávea e é impressionante a péssima performance do atleta, que erra passe, erra cabeçada, erra lançamento, erra no posicionamento, enfim, erra tudo. Dá medo de ver essa defesa jogar e já passou da hora do treinador olhar pro banco de reservas com mais cuidado.

Tanto que aos 12 minutos, após um bote errado do defensor, a bola sobrou na direita pro lateral improvisado Fabrício Domingues que cruzou na área para o desvio do atacante Hector Fértoli. O goleiro Diego Alves também colaborou no lance e permitiu o 1x0.

Por sorte, a resposta do Fla foi imediata. Dois minutos depois, em contragolpe fatal, Bruno Henrique arrancou pela esquerda e cruzou de trivela para Gabigol, dentro da área, empurrar pras redes e igualar novamente o placar.

O bom rendimento de BH27 foi o ponto alto da primeira etapa. O atacante parece recuperar a velha forma, com boa movimentação, muita velocidade pelas pontas, bons passes e com um chute colocado que explodiu no travessão.

Após o intervalo, o time de Rogério Ceni voltou pior, não conseguia ter a bola e dava ainda mais espaços para os argentinos. E os erros defensivos perduravam, jogada após jogada. O Racing chegou a converter três gols durante a etapa final, mas todos foram anulados pela fraca arbitragem venezuelana.

Aos 36, Thuler foi expulso por uma entrada de carrinho, o que tornou os últimos minutos de jogo ainda mais dramáticos. No final, o time do Ninho conseguiu segurar o empate e trazer a decisão da vaga pro Rio de Janeiro. Diante da fraquíssima apresentação do sistema defensivo, o atual campeão saiu foi no lucro.

Embora o cenário não seja dos mais favoráveis, o que nós torcedores acreditamos é que o grande objetivo do Flamengo no ano ainda seja o tricampeonato das Américas. E é exatamente por isso que temos a convicção que o que está sendo mostrado em campo pode não ser suficiente. Nós, rubro-negros de alma, conhecemos o tortuoso caminho até o suspiro final, sabemos dos percalços, da extrema dificuldade, do suor, do sangue e das lágrimas. Nós estivemos em Lima, de corpo presente ou em pensamento, todos nós estivemos lá.

E por isso sabemos também que jamais será por acaso ou por obra do destino que algum mortal cruzará os portais do triunfo, não! Libertadores é diferente, é única, é o torneio mais complexo do planeta. A Glória Eterna é pra poucos. 

Se liga, Flamengo.

SRN.

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sábado, 21 de novembro de 2020

Fla reencontra a vitória e assume a liderança do Brasileirão


 Por Wagner Luiz Serpa

Foi no ritmo do ‘levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima’ que o Flamengo jogou hoje à noite no Maracanã. Após a recente eliminação na Copa do Brasil, o time de Rogério Ceni entrou em campo pra tentar aliviar a crise e de quebra assumir a liderança do campeonato nacional. Jogo bem, chutou 25 vezes a gol, se impôs em campo desde o primeiro minuto e, principalmente, venceu a partida.

Em algumas entrevistas concedidas, o novo treinador rubro-negro já deixou claro que sua intenção primordial é aproximar o esquema de jogo atual com o do time treinado por Jorge Jesus em 2019. De fato temos observado isso na prática.

Com desenho tático similar ao do Mengão de JJ, o clássico 4x4x2, com as suas variações 4x2x4 e 4x2x3x1, mesmo com pouquíssimo tempo de treinamento sob o comando de RC01, o Fla tem dado sinais de que realmente vai em direção ao futebol apresentado ano passado. Além do esquema tático, temos visto também a marcação em linha alta, o perde pressiona e a tentativa insistente de dar velocidade na transição defesa-ataque. JJ na veia.

O Mais Querido começou em alta voltagem, com gosto de sangue na boca, com pressa de dar a volta por cima e querendo reencontrar logo o caminho das vitórias. Disposto a resolver rápido a fatura contra o time do Coritiba, foi logo aos cinco minutos que o Fla mexeu pela primeira vez no placar, num cruzamento de Arrascaeta e cabeçada certeira de Bruno Henrique. Botaram rápido a bola no meio, pois a galera queria mais.

Aos 26, numa bela trama ofensiva, Vitinho serviu Isla na direita, o lateral fez cruzamento certeiro pra Arrascaeta dar de chapa e fazer o segundo gol.

O Coritiba é time frágil. Veio escalado com três zagueiros e dois volantes e mesmo assim sua defesa não se achava e dava era espaço pro rubro-negro ampliar a contagem. Mas os donos da casa, por sua vez, perdiam gol atrás de gol. Foram nove chances claras desperdiçadas só no primeiro tempo.

Após o intervalo, o jogo recomeçou da mesma forma: com o time do Ninho pressionando, ocupando os espaços no campo de ataque, mas ainda perdendo muitos gols. Com três minutos da segunda etapa, mais três oportunidades desperdiçadas. Mas o Poderosão continuava jogando bem. Alias, com Everton Ribeiro e Arrascaeta jogando juntos fica bem mais fácil. Os números não mentem, podem conferir.

Aos 29, numa jogada bem organizada, desta vez pelo lado esquerdo do ataque, Vitinho serviu Renê que de perna direita mandou pras redes. 3x0.

Ainda houve tempo para os visitantes diminuírem. Aos 47, num erro de cobertura do sistema defensivo da Gávea, o meia-atacante Matheus converteu o gol único dos curitibanos.

O tempo vai passando, as feridas vão secando, os convocados e lesionados vão voltando e, aos poucos, o campeão continental vai juntando seus cacos e tentando botar as coisas no seu devido lugar.

Na noite de hoje, tão importante quanto os três pontos na tabela e a liderança, foi a recuperação, mesmo que em parte, da autoconfiança e da autoestima do elenco. Afinal de contas, semana que vem tem jogo de Libertadores, o título mais cobiçado por 10 entre 10 flamenguistas.

SRN.

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Sem defesa



Por Wagner Luiz Serpa 

São Paulo e Flamengo mediram forças ainda há pouco no Morumbi, jogo de volta, válido pelas quartas de final da Copa do Brasil.

Rubro-negro trazia em suas costas o peso da derrota por 2×1 no confronto de ida no Maracanã, revés esse causado pelo erro infantil e irresponsável do goleiro Hugo Neneca.

Na primeira etapa, assistimos uma partida morna, mas favorável ao time da Gávea. Armado no desenho 4x2x3x1, se postava bem em campo, tinha mais posse de bola e finalizações, reduzia bem os espaços do adversário e era bastante agressivo na marcação, abafando os mandantes em seu campo de defesa. No entanto, a superioridade não foi transformada em gols.

No segundo tempo, logo aos dois minutos, a ducha de água fria. Após um vacilo do sistema defensivo do Fla, sobrou pro atacante Luciano desviar de perna esquerda uma bola cruzada na área e abrir o placar.

Oito minutos depois, mais um cruzamento na área e novamente Luciano converteu, desta vez de cabeça. Dada a inércia defensiva do Fla, com dez minutos da segunda etapa e com muita facilidade, os donos da casa abriam uma vantagem expressiva de 2×0 na partida e encaminhava assim a classificação para as semifinais do torneio.

Aos 17, um pênalti bem assinalado a favor dos visitantes. Era a chance de diminuir o placar e ainda tentar uma reação no embate. Ledo engano. No momento da cobrança, o atacante Vitinho ‘roubou’ a bola das mãos de ER7, fez a cobrança mas mandou muito longe do gol.

Diferente do primeiro tempo, o time do Ninho voltou do intervalo irreconhecível e sem apresentar nenhum sinal de reação, era envolvido e levava um passeio do rival.

Aos 39 veio o golpe derradeiro. Após receber um passe de presente de William Arão, foi a vez de Pablo marcar o terceiro pros paulistas. O atacante se livrou de Léo Pereira e chutou pras redes de Diego Alves.

O São Paulo foi cirúrgico e fatal. Atacou pouco mas atacou bem. Goleou e está classificado pras semifinais. Simples assim.

É verdade que o elenco da Gávea se encontra encurtado, mutilado pelas lesões e pelas convocações e é lógico que são jogadores que fazem muita falta, sobretudo nos momentos decisivos. Porém, os problemas do Mais Querido vão muito além das questões médicas ou dos empecilhos da CBF. O dilema é mais amplo, passa pela escalação equivocada e insistente de certos jogadores, mas passa também pela falta de atitude de muitos outros.

Ainda temos competições seríssimas em disputa na temporada, mas, do jeito que vai, é provável que derrotas e eliminações continuem batendo a nossa porta e sangrando nossos corações.

Se isso aqui é Flamengo, tá na hora de provar dentro de campo.

SRN.

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domingo, 15 de novembro de 2020

Sem vontade de vencer



Por Wagner Luiz Serpa

Há aproximadamente três meses, Atlético Goianiense e Flamengo protagonizaram o duelo que marcou um dos maiores fiascos da era Domènec. Diante de um adversário muito, mas muito inferior tecnicamente, foi por 3×0 que o rubro-negro carioca foi derrotado naquela fatídica quarta-feira de agosto. Talvez tenha sido exatamente nesse dia que os torcedores do Mais Querido tiveram noção que 2020 não seria como imaginavam. Eles estavam certos.

O tempo passou, o 2º turno chegou e as equipes se reencontraram ainda há pouco no Maracanã, agora pela 21ª rodada do mesmo torneio. De lá pra cá, um turbilhão de emoções. Teve goleada vexatória, inúmeras lesões, casos de Covid-19 e teve a CBF. Enfim, todos aqueles elementos perniciosos que sempre atrapalham a caminhada de qualquer agremiação de futebol. Mas teve também a tão esperada troca de treinador.

Rogério Ceni estreou esta noite no Brasileirão. O ex-goleiro, de perfil e histórico de liderança e de vitórias, tem mostrado sintonia com o elenco e, principalmente, determinação em resolver os problemas defensivos do time da Gávea. De fato, promoveu mudanças. Mesmo em pouquíssimo tempo, vem implementando exaustivos treinamentos de saída de bola e trouxe de volta o aclamado desenho 4x4x2 de 2019. A ideia é adequar a teoria tática às características individuais dos atletas que tem no plantel. Mas o começo tem sido difícil.

O Flamengo fez um 1º tempo no máximo razoável, ainda com dificuldades na saída de bola e correndo muitos riscos em sua defesa. A novidade era o posicionamento de Thiago Maia mais ofensivo e aberto pela direita. Porém, foi com um lançamento dele pela zona central que o meia achou Bruno Henrique, que disparou e concluiu de perna esquerda pra marcar o gol único dos cariocas.

Após o intervalo, aos 13 minutos, um erro de passe infantil de Maia e a bola sobrou pros goianos na entrada da área, o meia Chico ganhou na dividida de Léo Pereira e tocou pro atacante Zé Roberto fuzilar pras redes e vencer Hugo Souza. Um detalhe sórdido é que TM havia se contundido e mancava momentos antes e, surpreendentemente, foi mantido entre os onze, sendo substituído apenas após o lance. Não podemos também deixar de citar a conhecida falta de combatividade do nosso defensor LP.

A rapaziada do Ninho nitidamente sentiu o golpe e, se estavam em dificuldades, as coisas pioraram a partir da igualdade no placar. O Fla se limitava a abrir as jogadas nos extremos do campo e alçar bolas na área pra ver o que dava. Não deu em nada. Nada aconteceu até o final.

Na verdade até aconteceu. No último minuto do tempo regulamentar, um passe de Arrascaeta pela direita deixou Lincoln debaixo das traves e sem goleiro. Na finalização, o centroavante mais uma vez fez das dele, deu de canela na bola e deixou escapar a vitória.

Individualizar as derrotas não é algo muito indicado pra quem analisa esportes coletivos, mas, definitivamente, alguns jogadores não podem mais ser mantidos entre os titulares. A galera que veste vermelho e preto está exausta de aguardar a escalação e dar de cara com nomes como Gustavo Henrique, Léo Pereira, Renê, Lincoln e talvez alguns outros. Entra técnico, sai técnico e a angústia continua. A diretoria pode vendê-los, pode emprestá-los, só não pode permitir que continuem nos prejudicando, pois já provaram que não merecem representar nossas cores.

Apagões defensivos, erros individuais, falta de verticalidade, falhas em finalizações. Esse foi o retrato de um Flamengo que parece ter perdido o gosto pelas vitórias.

SRN

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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Erro de almanaque



Por Wagner Luiz Serpa

Flamengo e São Paulo se enfrentaram mais uma vez no Rio de Janeiro, desta vez em jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil, duelo que marcou a estreia de Rogério Ceni, o novo treinador rubro-negro.

Com postura e posicionamento bem diferentes do último confronto, nesta noite os donos da casa foram bem mais intensos e se apresentaram de forma bem mais compacta. Alias, a tal da descompactação entre as linhas de marcação, deficiência sistêmica que perdurava jogo após jogo na ‘era’ Domènec, parece que, agora sob nova direção, foi corrigida e os jogadores de Ceni mantinham-se bem mais próximos um do outro. Foram apenas dois treinos sob a batuta do novo técnico.

No 1º tempo, o time do Ninho não teve tanto a bola, mas foi melhor, mais objetivo e criou diversas oportunidades. Posicionando-se em linha alta, mas mantendo os blocos de marcação unidos, o Fla chutou sete vezes a gol contra nenhuma, absolutamente nenhuma tentativa do time paulista. Porém o ataque do Fla ainda não se encontrava e desperdiçou algumas oportunidades.

Após o intervalo, o jogo esquentou. Mal o juiz apitou, um lançamento preciso nas costas da zagpara o atacante Brenner abriu o placar pros visitantes.

A resposta veio no minuto seguinte, coum passe de Bruno Henrique que achou Gabigol dentro da área em condições de deixar tudo igual no Maracanã.

Os mandantes persistiam na marcação alta, o que forçava o rival a errar bastante na saída de bola. Aos 23 minutos, num desses erros, a bola sobrou pro uruguaio Arrascaeta que arrematou pro gol sem goleiro, mas a bola foi pra fora. Um gol incrivelmente perdido.

O jogo se desenrolava com o campeão brasileiro tendo a iniciativa de praticamente todas as ações da partida e seguia perdendo oportunidades de marcar. O São Paulo, por sua vez, administrava o placar, mas era pressionado e continuava cometendo erros.

Mas nenhum erro foi tão grotesco, infantil e fatal como o que ocorreu aos 42 minutos. Tentando dar um drible dentro da pequena área, o goleiro Hugo Souza se enrolou, perdeu a bola e permitiu que Brenner marcasse o gol da vitória. Triste e revoltante pela forma irresponsável que o arqueiro entregou o jogo. Vida que segue, Neneca é novo e vai ter tempo e apoio pra se recuperar.

O resumo da ópera foi negativo, pois perder dentro de casa em competição de mata-mata é sempre preocupante. No entanto, alguma evolução ficou evidente na postura tática e na forma da equipe rubro-negra se portar. A impressão é que o novo comandante da Gávea chegou com personalidade e conhecimento de causa e, principalmente, sabe onde está e aonde quer chegar.

O coração hoje dorme triste, mas quarta-feira que vem é outro dia. Que voltem os lesionados e os selecionáveis. Que volte o meu Flamengo.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa