segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

De virada, no peito e na raça

 


Por Wagner Luiz Serpa

Não é clubismo, não mesmo. Também não é conversa de torcedor, de forma alguma. Verdade é que tudo está claro como a água: forças ocultas não querem o octacampeonato do Flamengo. Não é necessário enumerar os fatos, pois, você que é torcedor tem acompanhado a parcialidade com que o time da Gávea tem sido tratado e, quanto a isso, não se tem mais dúvida, pelo menos não depois do jogo desta noite contra o Bahia, e contra a CBF, na cidade do Rio de Janeiro.

Foi no peso gigante da camisa rubro-negra que, mesmo tendo um jogador expulso inexplicavelmente nos primeiros minutos de jogo, o Fla abriu dois gols no placar no primeiro tempo, levou a virada com menos de 15 minutos da segunda etapa e, contra tudo e contra todos, quando ninguém mais esperava, no peito e no passe de letra de Pedro, no oportunismo de Vitinho e na raça pura e negra de Gérson que a vitória épica, histórica e inesquecível foi arrancada em pleno Maracanã.

Foi mais ou menos assim: com apenas quatro minutos de peleja, tudo vermelho e preto. Bruno Henrique achou um espaço no meio-campo e acertou chute raro no ângulo abrindo o placar.

Mas cinco minutos depois, um dos episódios que marcaram negativamente o confronto: Gabigol levou o cartão vermelho de forma inesperada e sem um motivo que podemos chamar de justo. Alegou o árbitro que o jogador teria proferido palavras de baixo calão em sua direção. Será? Incrível é que o mesmo se encontrava de costas pro atacante naquele momento.

O jogo seguia e o Fla dominava as ações mesmo com um atleta a menos. Aos 32, BH27 foi lançado na grande área, dominou a bola, passou a frente do marcador e rolou pra Isla ampliar: 2x0.

O time do Ninho fazia excelente partida até então, mas, após o intervalo, as coisas se complicaram. O Fla voltou desligado do vestiário e com 14 minutos do segundo tempo o Bahia já havia virado o placar e vencia por 3x2, com gols do colombiano Ramirez e dois do atacante Gilberto.

O jogo pegava fogo. Além dos gols, muita discussão entre jogadores, dirigentes e treinadores, dentro e fora de campo. O meia Gérson era um dos mais alterados e visivelmente indignado com algo que acontecera em campo.

O jogo seguiu e, mesmo com a já citada inferioridade numérica, além de estar atrás do placar, o time da Gávea colocou a cabeça no lugar, buscou forças, teve personalidade e foi atrás do resultado.

Aos 36, Pedro, recém saído do banco de reservas, escorou de peito cruzamento de Filipe Luis e deixou tudo igual. O Mengão então se encheu de gás e foi pra cima. Queria mais, queria a vitória. E não é que ela veio.

Aos 44, após passe acrobático de letra de Pedro, Vitinho, que também saíra do banco, tocou suave para as redes e sacramentou a vitória suada e dramática dos donos da casa.

A bola parou de rolar aos 52 minutos, mas o embate continuou mesmo após o apito final. O meia Gérson, um dos destaques do duelo, veio às câmeras de TV e fez grave denúncia de injúria racial contra Ramirez do time baiano. Tal fato teria ocorrido no decorrer do segundo tempo e foi só aí que entendemos o que tirou do sério o nosso craque naquele momento.

Não há muito o que se falar sobre esse tipo de episódio, esses que exorbitam a esfera esportiva e viram caso de polícia. Nós, enquanto torcedores, lamentamos profundamente ter que vivenciar tamanha estupidez em pleno século XXI e a única coisa que podemos fazer é exigir sim uma resposta à altura das autoridades na esfera que tiver que ser.

Quanto ao jogo, vencemos na bola, no peito, na raça e no ‘modo’ Flamengo e foi uma daquelas vitórias pra encher de orgulho o torcedor, pra inspirar o elenco e arrastar todos na direção ao que nos restou nessa temporada. A virada emblemática dessa noite pode ter marcado a retomada definitiva em busca da liderança.

Quem sabe não fomos campeões no jogo de hoje e ainda nem sabemos disso?

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

sábado, 5 de dezembro de 2020

Flamengo vence, sobe na tabela e alivia a pressão


 Por Wagner Luiz Serpa

Botafogo e Flamengo se enfrentaram há pouco no estádio Nílton Santos no Rio de Janeiro. Clássico carioca deste final de semana no Brasileirão, os donos da casa começaram melhor, o time do Ninho se recuperou ainda no decorrer da primeira etapa e passou a dominar o certame. Com gol único, conquistou vitória importante pro decorrer do torneio.

Após a eliminação do Fla na Copa do Brasil e Libertadores, a atenção se voltou exclusivamente ao campeonato Brasileiro e o sucesso na partida de hoje se tornava fator de suma importância pra retomada do caminho em busca da liderança.

O time de Rogério Ceni veio no tradicional desenho 4x4x2, com Éverton Ribeiro pela direita, Arrascaeta caindo pela esquerda, Bruno Henrique e Pedro atuando mais centralizados. Até aí tudo bem. No entanto, o problemático miolo de zaga mais uma vez foi escalado com o questionado zagueiro Gustavo Henrique, protagonista de inúmeras falhas que já nos custaram pontos perdidos e até mesmo eliminações.

O duelo se iniciou com papéis invertidos. O Mais Querido, de elenco badalado e com o maior investimento do país, começou o jogo encolhido em seu campo, desatento, errando passes e com muita lentidão na movimentação. O Alvinegro, por sua vez, tentava uma pressão e encaixava bem a marcação na saída de bola do rival. Mas foi só no começo.

À medida que o confronto se desenrolava, as ações foram se equilibrando e não demorou pros visitantes terem mais a bola e a iniciativa da maioria das jogadas. O Glorioso passou a apostar então nos contra-ataques na tentativa de abrir o placar.

Mas o que faltava era aquela velha criatividade do setor ofensivo rubro-negro, as tabelas de ultrapassagem, o toque diferenciado. Ao invés disso, se limitava a alçar bolas na área pra ver o que acontecia. No primeiro tempo não aconteceu nada.

Após o intervalo, o Fla seguia com a mesma pegada, tanto que aos nove minutos, num erro de passe do adversário, a bola sobrou pro meia Gérson que rolou pra ER7 finalizar com classe e abrir a contagem.

Com o placar adverso, o Fogo fez substituições pra se tornar mais ofensivo e tentar a reação, mas não surtiu efeito. O que continuava a se ver era o campeão brasileiro no ataque, mesmo sem muita efetividade, mas controlando relativamente bem o embate.

Mas isso foi até os 43 minutos, quando uma bola enfiada nas costas dele, Gustavo Henrique, sempre mal posicionado e atrasado, o defensor não teve outra opção se não fazer a falta no limite da grande área e, por ser o último homem, receber o cartão vermelho. Na cobrança, o arqueiro Diego Alves fez a defesa, acalmou o coração da magnética e garantiu os três pontos na tabela.

Hoje, mais importante que uma atuação convincente era vencer, subir na tabela, aliviar a pressão, demarcar território na ponta do campeonato e tentar esquecer, pelo menos por enquanto, o monte de coisa errada que anda acontecendo lá pelos ‘reinos’ da Gávea. Quem ama o Flamengo de verdade é o torcedor e nós estamos de olho.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Fim da linha: Flamengo é eliminado na Libertadores

 


Por Wagner Luiz Serpa

Um jogo tranquilo, controlado e relativamente fácil, várias chances claras de gol perdidas e uma expulsão infantil. Na sequência, um gol que poderia ter sido o da eliminação. Entre uma e outra substituição sem sentido, mesmo assim, no último suspiro, o empate e o renascimento. Mas ainda tinha a disputa de pênaltis. A cabeça salvadora de Arão de minutos antes, de nada adiantou diante do chute mal colocado do mesmo jogador. A derrota arrombou nossa porta e sequestrou de vez o sonho da Glória Eterna. O campeão sucumbiu nas oitavas da Libertadores.

A noite era chuvosa no Rio de Janeiro e o péssimo gramado do Maracanã aguardava a entrada dos jogadores de Flamengo e Racing para decidir quem passaria às quartas de final do torneio continental. Escalado num 4x2x3x1, o Rubro-negro começou o embate classificado, já que o 0x0 era favorável aos donos da casa.

O Mais Querido tinha boa atuação e o domínio das ações desde o primeiro minuto de jogo, pressionava com intensidade a primeira linha dos argentinos, tinha mais posse de bola e mais finalizações, no entanto, pelo menos três gols claríssimos foram perdidos na primeira etapa, chances essas que fariam falta lá na frente.

Aos 26 minutos, o zagueiro Rodrigo Caio, que voltava a atuar pelo Fla após mais de dois meses de inatividade, levou um cartão amarelo por falta dura no meio de campo, punição essa que mudaria o rumo da partida na segunda etapa.

Após o intervalo, o time da Gávea mantinha a pegada, variava as jogadas pelas pontas e sempre dava um jeito de encontrar espaços entre as linhas da equipe de Avellaneda. Mas seguia perdendo gols que não se pode perder numa competição de mata-mata.

O jogo transcorria de forma segura até os 17 minutos do segundo tempo, quando Rodrigo cometeu falta desnecessária, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. Nesse momento, o roteiro do jogo começaria a mudar. No lance seguinte, um lançamento pelo alto na área, o zagueiro Gustavo Henrique se enrolou com a bola e permitiu que o defensor Sigali abrisse o placar.

Detalhe sórdido é que o Racing, mesmo com um homem a mais, continuava encolhido e era o time de Rogério Ceni que pressionava, como fez o jogo inteiro. E por falar em Ceni, diga-se de passagem que o treinador não foi nada feliz em suas substituições nesse confronto, tirou os meias De Arrascaeta e Éverton Ribeiro, os cérebros pensantes, manteve Vitinho mesmo com o atacante atuando muito mal e demorou deveras pra colocar o artilheiro Pedro.

Muita pressão mas sem sucesso, o Flamengo não conseguia romper o sistema defensivo do rival. E quando tudo já se encaminhava pro derradeiro, aos 47 minutos, Willian Arão desviou de cabeça um escanteio cobrado por Diego Ribas e empatou o duelo. Seria nos pênaltis a decisão da vaga.

Nas cobranças, os argentinos converteram todas as suas cinco. Foi quando o herói improvável, o “tá mal Arão” eternizado por JJ, de paladino salvador da noite se tornou vilão poucos minutos depois: chutou mal sua penalidade e sacramentou a eliminação.

Porém, não foi no erro capital do volante que o Flamengo foi eliminado ainda há pouco. Não! Essa derrocada vem se construindo há meses e é o resultado de uma sucessão de equívocos que vêm ocorrendo lá pelos lados do Ninho. Passa pela saída inesperada do técnico português e pela escolha desastrada de um treinador catalão sem capacidade e sem perfil para o cargo. Transita pela escolha amadora, meio que no estilo ‘catadão’, de membros da comissão técnica e do departamento médico. Tem relação com a insistente escalação de jogadores que já provaram por A mais B que não possuem condições técnicas e/ou psicológicas para vestir camisa tão pesada. Pra começar a explicar essa eliminação, a conversa obrigatoriamente seria nesses termos.

Por fim, como sabemos, todo Flamenguista que se preza tem verdadeira obsessão pela Copa Libertadores. Lamentavelmente, esse ano não deu e o que nos resta agora é sonhar com, pelo menos, o título do Brasileirão, o que diante dos últimos resultados já seria uma boa ‘emenda’ pra todo esse ‘soneto’ desastroso.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa