domingo, 30 de agosto de 2020

Flamengo goleia o Santos por 1x0



Por Wagner Luiz Serpa


Hoje acordei pensando em Flamengo. Não era pra menos. Dia de jogo importantíssimo, divisor de águas, partida para determinar os rumos do Flamengo nesse campeonato. E a cidade de Santos já amanheceu carioca, céu azul, Sol na moleira, temperatura lá em cima e muita, muita esperança por uma retomada do Mengão. Ledo engano.

Muito se falou durante esta semana que pela primeira vez o nosso treinador teria um tempo maior para trabalhar, implementar conceitos, massificar estilo de jogo, enfim, fazer o time crescer de produção. Sinceramente, não vi nada disso. A impressão é que o todo tem comprometido o individual, pois jogador de qualidade não falta.

O Flamengo já começou errado antes mesmo de entrar em campo. Mal escalado, foi sufocado durante todo o primeiro tempo. Perdido, acuado, sem apetite pela bola, sem agressividade, sem sangue nos olhos. Se não fosse o VAR, o jogo já estaria resolvido com poucos minutos. Graças a tecnologia, tivemos dois gols santistas bem anulados. Coisa de milímetro.

Com sucessivos erros de passe e sem se encontrar em campo, ao Flamengo só restava se defender. E a tônica do jogo era exatamente essa: os donos da casa tomando a iniciativa e o Fla lamentavelmente entregando a bola e mendigando por algum contra-ataque. Quis o destino que, exatamente num contragolpe, Gabigol conseguisse abrir o placar. Talento individual aliado a pura sorte rubro-negra.

No segundo tempo, é verdade que o time melhorou, conseguiu equilibrar as ações, passou a ter um pouco mais de iniciativa. Só um pouco. Time apático, bem diferente daquele Flamengo que nos acostumamos a ver ano passado. E foi apenas em alguns poucos contra-ataques que, novamente, tivemos as melhores chances de gol nessa segunda etapa. No entanto, nossos jogadores insistem em perder chances claríssimas de liquidar a partida. Vamos combinar também que não há treinador que resista a essa má pontaria e que já dura vários jogos. A partir da metade da segunda etapa, o Santos cansou, perdeu qualidade e não mais ofereceu perigo. Por tudo que vi, 1x0 foi goleada.

A boa notícia fica por conta da boa estreia de Maurício Isla. Lateral-direito de qualidade e personalidade. Jogador de Flamengo, podem escrever.

A frase que nós rubro-negros mais temos ouvido é que “o Flamengo não é mais o mesmo do ano passado”. Mas é evidente que não é, qual a dúvida? Afinal, perdemos o grande maestro da nossa equipe e vocês sabem de quem estou falando. O Flamengo de 2019 temos que esquecer, agora o que nos restou foi o Flamengo de Domènec. Alguns apoiam e dizem que ele precisa de tempo, outros já bradam pela saída do catalão. Sinceramente, não acredito em mudanças por enquanto. Mas a grande verdade é que esse “novo” Flamengo não engrena e não agrada.

A vitória foi importante pelos três pontos na tabela, mas o sinal de alerta continua ligado dentro de nossas cabeças. E um fato que nós rubro-negros já aprendemos é que Domènec é Domènec e Guardiola é Guardiola.

SRN.




terça-feira, 25 de agosto de 2020

Uma Carta para Domènec

Por Wagner Luiz Serpa


Fala Dome, como vai? Estou precisando conversar com você. Faz um favor? Senta aqui do meu lado e vamos levar um papo.

A gente sabe que você não é o único culpado do time estar nessa má fase. A gente sabe também que a rapaziada em campo tá meio fora de forma, meio desanimada, mas isso tenho certeza que será resolvido. No entanto, embora não tenha toda a culpa do mundo sobre seus ombros, infelizmente tenho que te dizer que você está colaborando bastante pra isso.

Seguinte, Dome:

Você tem mexido mal no time, mas mal demais. Suas substituições beiram a bizarrice. O que está acontecendo? Você ainda não conhece bem o elenco? Você conhece pelo menos o esquema tático do ano passado? Tem ideia do nível de sofisticação que esse time alcançou? Então vou te ajudar. O que acha de estudar melhor a sua equipe? Ou então que tal tentar dar continuidade ao que vinha dando certo? Pelo menos por enquanto.

Dome, presta atenção em dois caras do elenco, um é o Everton Ribeiro e o outro o De Arrascaeta. Eles são simplesmente as usinas de criatividade do nosso meio-campo. Sem eles, o time não anda. Então, pra tirar esses caras, você tem que ter algum motivo muito justo e pontual: uma contusão, cansaço extremo, ou algo do gênero. Fora isso, deixa eles em campo, ok?

Professor, aquele cara alto que joga do lado esquerdo da zaga é o Léo Pereira. Ele era bom jogador até vestir a camisa do Flamengo, depois que vestiu parece que o Manto Sagrado tá pesando. Presta atenção nele que o “bicho” tá inseguro, sem confiança nenhuma. Aí no banco de reservas tem um rapaz que se chama Thuler, é cria nossa. Dá uma chance no time titular que o garoto tá voando.

Quando você tiver um tempinho, tenta observar com carinho o futebol do Thiago Maia. Andam falando que esse cara está jogando o “fino” da bola. Aí você faz o seguinte: escolhe algum volante pra sacar e dá essa vaga pra ele, ok?

Sabe esse jogador que você coloca sempre no segundo tempo alegando que é pra ter mais velocidade pelas pontas? O nome dele é Vitinho. Ele não é um jogador rápido, professor. Se é velocidade que você quer, a tua praia é o baixinho Michael. Ele é do clube, tá regularizado, nome no BID, tudo certo. Tá liberado pra escalar ele, entendeu?

O que usa a camisa 9, ele que é o Gabigol. O cara foi artilheiro das duas últimas edições do brasileiro. Então, não vai ajudar muito se você escalar um cara que se chama Gabigol pra jogar longe do gol. Se ele não estiver bem, pode tirar do time, mas na ponta-direita não rola.

Professor, tem um do ataque que é o Bruno Henrique, o camisa 27. Joga muito, mas tem andado meia-bomba. Dá um banco nele pra vê se acorda. Depois, escala aberto na esquerda, que foi onde ele fez chover ano passado. Não adianta você querer inventar a pólvora e tirar um dos melhores jogadores do Brasil da posição dele. 

Ah sim, já ia me esquecendo: no último domingo, teve um jogador que entrou como titular, o Pedro Rocha, lembra? Eu notei que era o melhor do time até o momento de ser substituído. Aí, é o seguinte: quando tiver um jogador indo bem na partida, você evita substituir, o que acha?

Por fim, queria dizer pra você ficar tranquilo, pois sei exatamente a falta que faço na arquibancada. Sem mim, o time entra em campo sem seu principal jogador. Sem querer ser pretensioso, mas acho que se não fosse pela minha ausência talvez as coisas não teriam desandado desse jeito. Tudo bem, já já estarei de volta.

 Só presta muita atenção numa coisa: enquanto eu não estiver por perto, a sua obrigação é cuidar muito, mas muito bem do meu Flamengo. Não sei se sabe, mas tudo isso aí é meu.

SRN.