quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Furacão é o Neneca!


Por Wagner Luiz Serpa

A Copa do Brasil começou pro Flamengo. E foi com o Athlético Paranaense que medimos forças esta noite na Arena da Baixada.

Estádio bonito, moderno, mas com gramado de mentira, daqueles sintéticos. ‘Pra que isso?’ Diriam os antigos. ‘Grama sintética? Isso não é futebol de verdade’. Mas pra quem sabe joga bola, é um mero detalhe técnico.

A valiosa e rentável copa brasileira, como sabemos, é competição de mata-mata. Tem que ter olho vivo, não admite erros. Se vacilar, complica. Às vezes, sem possibilidade de recuperação. 

Muitos são os episódios de clubes azarões que triunfaram frente a grandes potências futebolísticas. Lembrai-vos de 2004, lembrai-vos do Santo André. Mas a verdade é que muita coisa mudou de lá pra cá no Flamengo, dentro e fora das quatro linhas. Ainda bem.

E vocês terão que concordar comigo: não dá pra comparar os elencos ou a capacidade de competição dos clubes rubro-negros que se confrontaram hoje. Isso é um fato. E contra fatos e dados não há argumentos.

Desde os primeiros minutos de jogo, pudemos observar o abismo técnico existente. Claro como a água. Aos 19 minutos, tudo normal em Curitiba: Pedro 21 disputou bola dentro da área e a pelota sobrou pra Bruno Henrique. O camisa 27 fez o que sabe fazer de melhor: empurrou pras redes e abriu o placar. São exatos 50 gols com a camisa do Flamengo.

E as chances prosseguiam. O rubro-negro entendia bem o jogo, trocava bola com paciência e via que os lados do campo eram um bom caminho. Assim, as subidas do lateral Isla e Filipe Luís eram sempre boas alternativas. Até então, jogo dominado e controlado.

Mas o Athlético tinha o contra-ataque. O atacante ex-gordinho Walter até levou algum perigo à meta do Mais Querido. Como por exemplo aos 42 minutos, em cobrança de falta, quando Hugo Neneca fez boa defesa. Nenhum outro risco na 1ª etapa.

No 2º tempo, o Furacão veio pra cima. Jogando em casa, não tinha outra coisa a fazer. Às vezes Nicão, às vezes Léo Citadini, às vezes Walter, os homens de frente do time do Paraná se revezavam nas tentativas. Mas ficavam só no susto. Quem se destacava lá atrás, era o nosso goleiríssimo fechando o gol.

Aos 31 minutos, uma entrada dura dentro da área do lateral Renê e um pênalti bem assinalado contra o nosso patrimônio. Mas ainda tinha Neneca.

Em cobrança forte de Walter, O jovem arqueiro pulou como um gato pra defender a cobrança. Gigante, ágil, monstro, orgulho da base do Ninho, Hugo Souza é o Manuel Neuer brasileiro.

Na raça e na vontade, o time de Curitiba vinha pra cima tentando a sorte. Mas era preciso algo mais pra romper os domínios da Gávea. Não tiveram.

Apito final e placar mínimo garantido. Qualquer vitória fora de casa em jogo de ida de Copa do Brasil é um resultado pra se comemorar.

Bora trazer a decisão da vaga pro Maraca. As quartas de final é logo ali.


SRN.


Instagram: @wagnerluizserpa






domingo, 25 de outubro de 2020

Duelo de líderes no Beira-Rio

 

Por Wagner Luiz Serpa

Internacional e Flamengo, duelo de líderes ainda há pouco em Porto Alegre. Jogo bom de se ver, disputado, brigado. No final, um empate com gosto de vitória dadas as circunstâncias do embate.

O 1º tempo do jogo foi de uma péssima apresentação do Rubro-negro e, mais uma vez, jogou fora os primeiros 45 minutos de confronto. Se serviu pra alguma coisa, foi pra demonstrar a fragilidade do sistema defensivo do time de Domènec. Com falhas coletivas, mas sobretudo individuais, o Fla entregou de bandeja dois gols ao time do Beira-Rio.

A equipe do técnico Coudet pressionava desde o começo, avançava os blocos, colocava seis, às vezes sete jogadores no campo de ataque e não dava espaço ao Fla pra trocar bola e construir as jogadas.

Logo aos seis minutos, o lateral direito Isla cometeu falha primária, tentou um drible pra trás, perdeu a bola para o meia Patrick que tocou pra Abel Hernandez abrir a contagem pros donos da casa.

Aos 10 minutos, em sua primeira saída para o ataque, o Mais Querido empatou com gol de Pedro. O atacante avançou com liberdade e chutou no canto de Marcelo Lomba.

Devida a forte pressão de marcação do Colorado, o Fla tinha muita dificuldade em iniciar as jogadas. Não é a 1ª vez que demonstra essa deficiência em enfrentar aqueles que avançam as linhas e marcam dentro do campo adversário.

Aos 24 minutos foi a vez do zagueiro Gustavo Henrique sentir a pressão e vacilar feio. Tentou dar passe de efeito na entrada da área e acabou dando assistência precisa pro atacante rival Thiago Galhardo tocar na saída do goleiro Hugo e fazer o segundo gol.

Foram pouco mais de 20 minutos de letargia da defesa rubro-negra que permitiram que acabasse a 1ª etapa com o placar adverso.

No 2º tempo, uma alteração de posicionamento no Flamengo que começou a mudar o cenário da partida. O meia Gérson, que jogava aberto na esquerda, trocou de posição com Vitinho que até então jogava centralizado. Tal mudança deu mais volume ao meio-campo e fez o campeão brasileiro vir pra cima. Mas o que mudou também foi a postura em campo.

Diferente da etapa inicial, o Flamengo passou a jogar com mais vontade e personalidade, trocava passes no campo de ataque, envolvia, pressionava e empurrava o Inter. Insistia pelos lados, por dentro e dominava completamente as ações.

O Inter dava a impressão que não tinha mais gás pra manter a marcação do começo e a galera do Ninho tomou o jogo pra si.

Mas foi no sufoco do início ao fim. Teve bola tirada sobre a linha do gol, teve bola que explodiu na trave. Mas a pelota não entrava.

O sofrimento durou até os 49 minutos, quando Gérson conduziu para o meio, cruzou e encontrou Éverton Ribeiro na marca do pênalti para cabecear no cantinho. Só aí veio o respiro de alívio.

Um péssimo 1º tempo, mas uma etapa final à altura da capacidade da equipe rubro-negra.

Não podemos deixar de ressaltar a apresentação irretocável do camisa 21, Pedro. Jogador de visão privilegiada, raça e perfil de vencedor. Pedro driblou, lançou, fez gol. Joga simples, mas joga demais e ‘categoria’ é o seu sobrenome.

Por fim, vale destacar que temos, sem dúvida, um elenco invejável e incomparável a qualquer outra equipe do lado de baixo do Equador. Mas vamos combinar que, em jogos disputados como esse, cinco titulares vão sempre fazer falta.

SRN

Instagram: @wagnerluizserpa

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Suave na nave. Mengão passeia e confirma liderança


 

Por Wagner Luiz Serpa

Do primeiro ao último minuto. Foi dessa forma que o Flamengo dominou o jogo desta noite no Maracanã e não tomou nenhum conhecimento do Júnior Barranquilla, pela sexta e última rodada da fase de grupos da Libertadores.

O time do Ninho, como já era esperado, veio a campo com equipe bastante mesclada. Já classificado pra próxima fase da competição e com jogo importante pelo Brasileirão no próximo final de semana, o Sr. Torrent optou por poupar vários dos seus principais jogadores.

Por outro lado, atletas como Léo Pereira, Thuler, Renê, Michael e Lincoln, que em jogos anteriores não convenceram, tiveram oportunidade de mostrar serviço, ganhar ritmo e adquirir confiança. Foram bem e aproveitaram a chance.

Assim como os meninos da base, tanto os que iniciaram, quanto os que entraram no decorrer do confronto, todos deram conta do recado.

Aos 10 minutos de jogo, em escanteio cobrado da esquerda pelo ambidestro meia-atacante Vitinho, o zagueiro Léo Pereira escorou de cabeça pro centro da área e seu companheiro de zaga, o garoto Thuler, abriu a contagem do placar.

O Fla atuava com a autoridade do campeão das Américas, era superior em todos os setores do campo, com posse de bola, pressa na recuperação da mesma, marcação alta e verticalidade nas jogadas.

Aos 39, aproveitando a frouxa marcação pelo lado direito da defesa colombiana, Bruno Henrique arrancou daquele jeito até a linha de fundo e cruzou rasteiro na medida pra Lincoln, com categoria, dar de chapa e ampliar pro Mengão.

O 2º tempo começou já com duas alterações. Entraram as joias da base, o meia Lázaro no lugar de Vitinho e o volante Gomes no lugar de Willian Arão.

O Flamengo, embora tenha diminuído um pouco o ritmo, mantinha na 2º etapa as boas investidas ao ataque e continuava superior na partida.

Com a missão de rodar e poupar o elenco, o treinador catalão seguiu com as substituições. Aos 22, trocou Thuler pelo zagueiro Gabriel Noga.

Pouco depois, num lance de desatenção do Fla e contra-ataque do Barranquilla, o atacante colombiano Téo Gutiérrez diminuiu aos 23 minutos.

Mas o Mais Querido reagiu rápido, seis minutos pra ser mais preciso. Em cobrança de escanteio da direita, Matheuzinho achou a cabeça de BH27, que subiu lá no 3º andar, parou no ar e testou pra fazer 3×1.

Aos 33, mais uma troca, dessa vez Lincoln deu lugar ao promissor lateral esquerdo Ramon.

O jogo seguiu o seu rumo e, até o apito final, a rapaziada da Gávea controlou com facilidade o Júnior, sem correr maiores riscos. Com a vitória assegurada, garantiu também a 1ª colocação do grupo pras oitavas de final da Liberta.

Esse foi o nosso Flamengo de hoje, que vai demonstrando visível evolução e assimilação do estilo Domènec de ser.

Temos acompanhado que, após a descontrução do estilo 2019 de atuar, parece que o agora famoso estilo de jogo posicional dá sinais que vai sendo finalmente absorvido pelos jogadores rubro-negros.

É um conceito de se jogar um tanto quanto complexo, principalmente pra nós brasileiros que não estamos muito acostumados com essa forma de enxergar futebol.

Várias são as nuances e variantes do jogo de posição. Uns gostam outros não. Mas tenham uma certeza: jogo posicional não é nem de longe o futebol chato e estático que vem sendo rotulado por aí.

O que está virando rotina é assistirmos os apopléticos de plantão que, por desconhecimento ou por pura maldade, falam asneiras mil sobre o novo estilo de jogo do Flamengo. É só ligarmos a TV.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Fla joga de terno e faz ‘cincum’ no Corinthians


Por Wagner Luiz Serpa

Corinthians e Flamengo mediram forças ainda há pouco na Neo Química Arena em São Paulo. Diga-se de passagem, estádio que é possuidor de gramado excelente, daqueles que permitem que a bola role livremente, facilitando e muito a vida dos bons jogadores.

Bem diferente daquilo que chamam de grama lá do nosso Maracanã e que tem prejudicado deveras o bom futebol, levando inclusive alguns de nossos craques pro departamento médico.

Na tarde de hoje, além do gramado, excelente também foi a demonstração de futebol dada pelo time de Domènec, atuando com autoridade desde o começo e organizado nos já conhecidos esquemas 4x2x3x1 e 4x4x2.

Temos acompanhado as dificuldades que a comissão técnica do Fla tem enfrentado pra escalar a equipe e, ao mesmo tempo, ‘rodar’ o elenco. É calendário apertado, contusões diversas, baixas por Covid-19, datas Fifa e por aí vai.

Mas hoje não. Hoje vimos o Flamengo atuar com uma escalação bem próxima do ideal, deixando de fora jogadores que, sistematicamente, têm deixado muito a desejar. Sem falar no melhor posicionamento que alguns atletas tiveram dentro de campo.

Além do lateral direito Isla, os zagueiros Gustavo Henrique e Natan e, na esquerda, Filipe Luis, o Fla veio com o excepcional Thiago Maia como 1º homem de meio campo. É impressionante a capacidade desse jogador. Posicionamento, marcação, combate, saída de bola, qualidade nos passes. Joga por música.

Além do esquema defensivo, vimos também Éverton Ribeiro e Bruno Henrique em tarde inspirada e até Diego Ribas que entrou no 2º tempo e teve boa participação.

Mas surpresa boa mesmo foi o rendimento do atacante Vitinho, escalado pra jogar mais centralizado e com menos atribuições defensivas, fez o seu melhor jogo com a camisa rubro-negra. Deu passes precisos, participou bem das tramas ofensivas e ainda fez um gol. Talvez tenha encontrado seu posicionamento em campo.

Os 10 primeiros minutos do 1º tempo foram do time paulista. Timidamente, tentavam avançar seus jogadores e fazer alguma pressão no campo adversário. Porém, passado o afã do início, o Fla tomou a bola pra si e passou a comandar as ações.

Várias foram as chances, mas o gol só veio aos 31 minutos, quando Filipe Luis cruzou da esquerda na cabeça do meia ER7, que escorou a bola e abriu o placar.

Daí até o final da primeira etapa, embora com domínio completo do jogo, o Mengo rondava mas não levava perigo ao gol do Corinthians. Administrou o resultado até o final do 1º tempo.

Logo que começou o 2º tempo, aos seis minutos, em boa jogada de ER7, o meia tocou na entrada da área pra Vitinho que deu chute de canhota indefensável pro goleiro Cássio, que só olhou entrar. 2×0.

O bombardeio continuava. Aos 12, escanteio da direita cobrado por ER7 que encontrou a cabeça do jovem Natan no 2º pau. 3×0.

Depois disso, o Time da Gávea reduziu o ritmo e viu os donos da casa diminuirem. Aos 18, o defensor corinthiano Gil marcou em falha do goleiro Hugo Neneca.

Logo após, acelerou novamente. Aos 26, numa boa trama de ataque, cruzamento da direita de Isla e Bruno Henrique deixou o dele. 4×1.

O Flamengo vinha pra cima e queria mais. Aos 40, em erro de saída de bola do Timão, a bola caiu no pé de Diego Ribas que driblou o zagueiro e chutou fazendo o dele. 5×1.

Com um evidente abismo técnico entre os dois elencos, o Mais Querido venceu, convenceu e goleou com pouquíssimo esforço o time paulista. Uma tarde rubro-negra de futebol do jeito que a gente gosta.

Sinto que está próximo, que está quase na hora de tomarmos a frente de vez. Depois ninguém mais tira.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Empate amargo com gosto de Domènec

 

Por Wagner Luiz Serpa

O Flamengo encarou ainda há pouco no ainda pífio gramado do Maracanã o Red Bull Bragantino, equipe do interior paulista, penúltima colocada do Brasileirão.

O clube de Bragança é time no máximo razoável. Sem nenhum nome de peso em seu elenco, tenta jogar de forma segura, com os blocos de marcação em linha alta pra dificultar a organização de seu oponente e se agarrando aos contra-ataques como desafogo ofensivo. Muitos se utilizam desses artifícios atualmente.

O treinador rubro-negro Domènec Torrent, em razão da odisseia de jogos que estamos encarando, realizou o já conhecido rodízio no elenco e não utilizou a força máxima a sua disposição. Mais uma vez errou na mão.

Colocou a zaga toda reserva, com Thuler e o sofrível Léo Pereira. Na lateral esquerda, optou por Renê. No meio, nada de Gérson, e no ataque nada de Bruno Henrique. Os dois permaneciam no banco de reservas. Em vez disso, ele preferiu ir a campo com Diego Ribas e o contestadíssimo Lincoln.

A rapaziada do Ninho não teve um bom começo de jogo, sofria muito com a marcação implacável do Bragantino e não conseguiu fazer nada de bom no 1º tempo. Há quem diga que, aos 45 minutos, num chute a gol, a bola teria batido, dentro da área, no braço do lateral esquerdo Weverson e que um pênalti deveria ser marcado a favor do Mais Querido. Eu particularmente não tive total convicção, mas, pelo menos, o árbitro deveria ter consultado o VAR, o que não fez.

O 2º tempo começou mal antes mesmo da bola rolar. O Sr. Torrent, sem nenhum motivo aparente, sacou o goleador Pedro, o cara que vinha resolvendo os jogos pro Fla, e colocou o inoperante Vitinho. Será que era o melhor momento pra tirar o artilheiro de campo? Com o jogo apertado e empatado? Talvez a substituição tenha selado o destino da partida.

Apenas com alguns segundos de bola rolando na 2ª etapa, o meia Claudinho abriu o placar para os visitantes com belíssimo gol de perna esquerda.

Depois disso, o Red Bull se encolheu, fazendo inclusive substituições para garantir o resultado. O Flamengo passou a pressionar e tentar de todas as formas ser superior em campo. Até conseguia, mas não tinha sucesso na finalização de uma jogada sequer.

Nada funcionava para o time do Ninho. Com péssimas atuações e sucessivas falhas individuais de Léo Pereira, Renê, Diego, Lincoln e Vitinho, o mal escalado Flamengo não tinha qualidade técnica para chegar ao gol de empate.

Aos 66 minutos, vimos a saída do volante Willian Arão para a entrada de BH. Era a tentativa desesperada de empurrar o time pra frente.

Aos 69, após cruzamento da direita de Isla, Lincoln tem um sopro de lucidez e cabeceia pro gol de empate.

O Fla tentava e nada. Aos 88, Gérson entrou no lugar de Éverton Ribeiro, que preocupantemente saiu sentindo dores no joelho.

Daí até o apito final, o Flamengo lutou, é verdade, correu, é verdade, mas foi em vão. Era muita transpiração e pouquíssima inspiração.

Hoje, o rubro-negro não teve capacidade pra conseguir os três pontos. E se em outras vezes o talento individual resolveu, superando o cansaço, os desfalques e as mancadas e despautérios do treinador, desta vez o filme foi outro.

No fim, vimos a vitória escorrer pelos dedos.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Vitória no modo Flamengo


Por Wagner Luiz Serpa

E a maratona insana de jogos do Flamengo teve mais um capítulo esta noite no Maracanã. Confronto adiado da 11ª rodada, hoje foi contra o último colocado do torneio, o Goiás Esporte Clube, o desafio de superar todo o desgaste inerente aos embates de alto rendimento.

O Fla veio a campo organizado no nostálgico e romântico 4x3x3, com o meio de campo composto com apenas um volante de contenção e dois meias de armação. Willian Arão, Thiago Maia e Gérson, nessa ordem. Esse é o formato peculiar do estilo ‘posicional’ de se jogar futebol.

Um começo de jogo adormecido por parte dos donos da casa. No modo ‘desligadão’, mesmo tentando alugar o campo do adversário, muitos espaços em suas costas eram apresentados para o Esmeraldino.

Tanto que logo aos 12 minutos os visitantes abriram o placar, após nova falha de marcação do lateral direito Matheuzinho. O garoto é bom no apoio ao ataque, mas não é de hoje que deixa a desejar no posicionamento defensivo. Dessa vez, só observou o atacante Vinícius finalizar com estilo dentro da área.

O placar era adverso, mas só dava Flamengo. À imagem e semelhança dos melhores treinos de ataque contra defesa, realizados no Ninho do Urubu, o time criava uma chance após a outra. Pelos flancos, pelo corredor central, por baixo, pelo alto. Às vezes esbarrava no elástico goleiro Tadeu, outras na má pontaria dos rubro-negros.

O tal do jogo posicional, conceito que Torrent tenta implantar desde que chegou no Mais Querido, é um estilo extremamente complexo e definitivamente não é do dia pra noite que os jogadores vão absorver as ideias e entender o seu formato. Os times que jogam dessa maneira, além de ter fome pela posse de bola e pela marcação muito adiantada, treinam exaustivamente a ocupação de espaços à sua retaguarda para não serem surpreendidos nos contra-ataques.

A questão é que o Flamengo de hoje ainda não tem o jogo posicional na massa do seu sangue, entranhado na sua ‘alma’. Não tem. Costuma ter mais posse de bola e subir bem a marcação, mas ainda não consegue ocupar os espaços do jeito que manda a cartilha de Pep Guardiola. Sim, Guardiola e Domènec pensam futebol rigorosamente da mesma forma. Pensamento e prática são duas coisas bem diferentes.

Em função disso, o Flamengo ainda é muito vulnerável defensivamente e tem sofrido muitos gols em contragolpes.

Aos 38 minutos, não teve jeito. O atacante Pedro, sempre bem colocado, escorou cruzamento da esquerda de Bruno Henrique e empatou a partida. De 1º tempo foi o que deu.

Na 2ª etapa o cenário prosseguia. O Flamengo sufocando, amassando o Goiás. Era um passeio de posse de bola, de criação, de chutes a gol e de chances perdidas. Mas não tinha prece que colocasse aquela bola pra dentro.

Aos 75 minutos, Domènec finalmente mexeu na equipe, trocou o meia Gérson pelo atacante Lincoln. Não vi sentido na troca, acho que ninguém viu, já que tínhamos o ‘ponta-direita’ Michael em noite nada inspirada, errando tudo. Sem falar nas outras quatro alterações que o treinador se furtou em fazer.

E quando tudo já parecia caminhar para um frustrante empate, nos acréscimos, aos 95 minutos e meio, um chute torto e despretensioso pra dentro da área de Willian Arão e a bola cai nos pés de Pedro, que fuzilou pras redes fazendo o segundo gol. Pedro, sempre Pedro.

Desfalques, cansaço, buracos defensivos, previsibilidade, substituições equivocadas, falta de visão tática do treinador. Esse foi o Flamengo de hoje. No final, na qualidade individual, veio o respiro de alívio.

E a ‘caça’ ao líder continua, enquanto esperamos ter nosso elenco completo de volta. Como já falei por aqui, estão fazendo falta.

Mais uma vitória de virada, mas dessa vez foi com emoção, foi no modo Flamengo.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

sábado, 10 de outubro de 2020

Vitória de Virada e Fla cola na liderança


Por Wagner Luiz Serpa

Flamengo entrou em campo hoje no mal iluminado estádio de São Januário para defender uma invencibilidade de quatro anos frente ao time do Vasco da Gama.

Como já tem sido de praxe, um 1º tempo de arrepiar de tão ruim do time comandado por Domènec. Escalado nos mesmos moldes do último jogo contra o Sport Recife, o Fla veio a campo com o coringa Gérson aberto pela direita e Diego Ribas centralizado e incumbido da armação.

Com seus jogadores apresentando pouquíssima mobilidade, o Flamengo não conseguia dar ritmo às jogadas e assim podemos dizer que não houve nenhuma chance real de gol nessa 1ª etapa. Não do Flamengo.

Quem abriu o placar foram os donos da casa. Aos oito minutos, num lance em que Bruno Henrique errou um passe na intermediária, na sequência o lateral Filipe Luis se deixou driblar com facilidade e no final da jogada Matheuzinho falhou feio na marcação, deixando o atacante Talles Magno sozinho pra finalizar.

Durante a temporada, o Flamengo vem se notabilizando pela excelência de seus meias de ligação, que são aqueles jogadores que se posicionam atrás da linha de ataque e que municiam os homens de frente sempre com visão de jogo diferenciada e com passes verticais e precisos. Estou falando de Éverton Ribeiro, estou falando de Arrascaeta. E como fazem falta.

Diego Ribas mais uma vez foi o jogador com essa incumbência. No entanto, seu perfil nunca foi esse. Diego sempre foi daqueles meias que conduzem a bola, que correm junto com ela em vez de fazê-la correr. Quando era mais novo e tinha mais potência física, destacava-se positivamente nessa função, mas, com a idade mais avançada, tem dificuldade até pra ser fiel a essa sua característica. Todo o nosso respeito a sua entrega, comprometimento e identificação com o clube. Técnica e taticamente, pouco tem ajudado.

O 2º tempo mal começou e, de bola parada, o criticado e limitado zagueiro Léo Pereira cabeceou bola alçada na área e deu números iguais à partida.

O jogo seguia tal qual a etapa inicial, com pouca movimentação, quase sonolento. O time da Gávea tinha mais posse de bola desde o começo do embate, mas apenas um pouco mais de iniciativa e velocidade em relação a 1ª etapa. Ao Vasco cabia se defender e tentar aproveitar os contra-ataques. Nada além disso.

Aos 67 minutos, uma alteração tática. Torrent sacou Ribas e colocou Michael pra jogar aberto na direita. Com isso, trouxe Gérson mais pro centro de campo. Melhorou.

Aos 69 minutos, após longo e belo lançamento do volante Thiago Maia, BH dribla o goleiro, marca o segundo gol e vira o jogo. 2×1.

O que se tem notado com facilidade é que o sistema defensivo do Flamengo não é nem de longe um dos melhores dos últimos tempos, além disso, o que nos salta aos olhos é a perda técnica que o Flamengo sofre quando joga a dupla de zagueiros Gustavo Henrique e Léo Pereira. Falhas individuais, pouca confiança, erros de cobertura, falta de perfil rubro-negro. Podem escolher os motivos. Não tem torcedor flamenguista que não observe isso.

Nos minutos finais da partida, até por uma questão de sobrevivência, o Time da Colina veio pra cima e, meio que no abafa e na desorganização, tentou de todas as formas empatar o jogo. Teve até um gol de Germán Cano aos 86 minutos, mas o VAR entrou em ação e corretamente anulou o lance ao identificar a posição de impedimento.

Invencibilidade ampliada e, mais do que nunca, o Rubro-negro tá encostado, para-choque com para-choque, prontinho pra tomar a liderança. Já vimos esse filme antes.

No entanto, independente dos resultados que estão vindo, é bom que time e comissão técnica fiquem ligados com a forma que a equipe tem se portado taticamente e, principalmente, com os sucessivos erros de marcação que estão aí a olhos vistos.

Jogo chato mas valeu pela vitória.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Goleada de heptacampeão

Por Wagner Luiz Serpa 

Duelo de rubro-negros ainda há pouco no Rio de Janeiro. De um lado, o Sport Club Recife, vencedor do módulo amarelo, a 2ª divisão do campeonato brasileiro do ano de 1987. Do outro, o Flamengo, o super-campeão do módulo verde, a 1ª divisão de futebol daquele mesmo ano. Bom, depois de tudo muito bem esclarecido, vamos falar do jogo de hoje.

O Sport vinha numa crescente no Brasileirão 2020, com vitória nos três últimos confrontos, o que lhe conferiu uma boa escalada na tabela e a chegada ao 5º lugar. Vinha.

O seu treinador, Jair Ventura, assumiu o time na zona de rebaixamento há uns dois meses e, desde então, tem apresentado bom trabalho, conseguindo conciliar as características e limitações de seu plantel, organizando uma equipe com bom rendimento defensivo e com perfil de jogo reativo.

O Flamengo entrou em campo sem pelo menos cinco jogadores dos chamados titulares. Mas era no meio-campo que tínhamos as baixas mais importantes: Everton Ribeiro e De Arrascaeta. Sabemos que é nos pés desses dois que o Flamengo faz o diferente, que se torna letal e especial.

O jogo começou disputado, lá e cá, sem nenhum tipo de superioridade pra nenhum dos lados. O Sport, fiel a seu formato de jogo que já fora mencionado, entregava a bola, se fechava em compactas linhas de marcação e aguardava os espaços surgirem. E surgiram, embora não tenham criado nenhuma chance real de gol.

Em razão das ausências, com exceção daquelas substituições mais corriqueiras, o Mais Querido veio escalado com algumas alterações táticas.

Diferente de sua função original pelo corredor central, Gérson jogava aberto pela direita, com Diego Ribas mais centralizado e Bruno Henrique pelas quebradas da esquerda.

Mas tal disposição em campo não surtiu efeito. Pelo meio, o engarrafamento de jogadores do Sport era enorme. Pelos flancos, tanto Gérson como Bruno Henrique jogavam com pouco apoio pra tabelar e ter algum sucesso naquele setor.

Resultado foi que em todo o 1º tempo o Fla não encaixou. Com exceção de uma cabeçada do atacante Pedro e da boa defesa do goleiro Luan Polli, poucos foram os momentos interessantes do jogo. Ah sim, tiveram os sucessivos erros de passe do volante Willian Arão, mas com isso já estamos até nos acostumando.

No 2º tempo, o Flamengo entrou mais ‘pilhado’ e, logo aos seis minutos, após cruzamento da direita do lateral Isla e ajeitada de peito de BH, o artilheiro Pedro estufou a rede e abriu a contagem.

Com o placar adverso, o Sport não podia mais se utilizar do seu estratagema de só contra-atacar, precisou vir pra cima. Aí deu foi espaço.

Logo na sequência, aos nove do relógio, escanteio cobrado da direita por Ribas e cabeçada certeira do zagueiro Gustavo Henrique. Um erro de marcação na bola parada que possibilitou o Mengão ampliar o placar. Problema é deles. 2×0.

E teve mais. Três minutos depois, o Poderosão fez o terceiro. Em cruzamento da meia esquerda de BH, estava lá ele de novo. Dentro da área e sem marcação, foi aquela matada no peito e o toque de perna direita. Pedro é fatal.

Com mais espaço pelo campo, o time do Ninho passou a fazer valer sua abissal superioridade técnica, trocava bola como queria e administrava o resultado obtido. Um 1º tempo sonolento, mas uma boa apresentação do rubro-negro carioca na etapa final.

O tempo vai passando, as feridas vão cicatrizando e as respostas que precisávamos, parece, que vão sendo dadas. Importante agora é o foco, a fé e o descanso mental e físico dos nossos jogadores, pois acabamos de iniciar no Maracanã uma odisseia desumana de sete jogos em 18 dias. Sem problemas, nossas cores e nosso elenco dão conta de muito mais.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa

domingo, 4 de outubro de 2020

Éverton Ribeiro: craque e decisivo

Por Wagner Luiz Serpa

Flamengo e Athlético Paranaense se enfrentaram ainda há pouco num chuvoso Rio de Janeiro. Por motivos diversos, mas que já são conhecidos, o Fla entrou em campo com um time mesclado de titulares, reservas e meninos da base. Os paranaenses, por sua vez, desgastados pelos últimos confrontos, foram escalados com praticamente toda a equipe reserva.

O Rubro-negro carioca iniciou a partida bastante confuso e com muita dificuldade na transição de bola da defesa para o ataque. O Athlético subia a marcação e pressionava bastante o Fla em seu campo, tentando, e conseguindo, dificultar ao máximo a saída de bola do time da Gávea.

O que é interessante destacar do nosso adversário de hoje é o estilo próprio de jogo que tem e que, via de regra, não abre mão: jogam sempre com marcação alta e dificilmente ‘rifam’ a bola no início de construção das jogadas. Lembrem-se que serão nossos rivais nas oitavas de final da Copa do Brasil. Olho neles.

O 1º tempo nos mostrou um jogo um tanto quanto cansativo até de se ver. Fora alguns pouquíssimos momentos de lucidez, a marca registrada da 1ª etapa foi a desorganização, a lentidão e os erros de passe.

No 2º tempo, o Flamengo voltou a campo com uma alteração na equipe: saída do atacante Vitinho para a entrada de Éverton Ribeiro. O meia foi posicionado onde ele é mais decisivo: aberto pela direita e, com a bola, conduzindo e armando as jogadas em direção ao centro de campo.

A mudança trouxe mais consistência tática, compactação e velocidade, sem falar na qualidade técnica que o jogador confere a todo o coletivo. A partir daí, o Fla passou a dominar as ações e a sobrar no confronto.

Aos 55 minutos, em bola respingada na grande área, Pedro dominou com perícia e abriu o placar com gol típico de centroavante.

Apenas três minutos depois, Bruno Henrique ampliou após cobrança de pênalti bem marcado pela arbitragem.

Aos 66, o Athlético diminuiu com bola alçada na área e finalização de cabeça do atacante Kayzer.

Aos 76, o gol pra coroar a atuação daquele que mudou a cara do jogo. Passe de Arrascaeta e chute de fora da área, indefensável, com a canhota de Éverton Ribeiro, bola no cantinho direito do bom goleiro Santos. 3×1 e fatura fechada.

Em jogo em que pudemos testemunhar um abismo tático e técnico entre o 1º e o 2º tempo, verdade é que o Flamengo precisou jogar apenas 45 minutos pra vencer o embate de hoje no Maracanã.

A caminhada continua. Hora de descansar e pensar no próximo encontro. Esse mês de outubro tá sinistro e promete fortes emoções.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Toma!


Por Wagner Luiz Serpa

Flamengo e Independiente del Valle se enfrentaram ainda há pouco no Rio de Janeiro. Jogo muito bom de se ver, de nível técnico apurado e com bastante intensidade tática dos dois lados.

O Flamengo trazia em sua bagagem a derrota histórica sofrida no último confronto na altitude de Quito e a necessidade de uma resposta à altura pairava no ar.

O time da Gávea começou o 1º tempo muito bem, ligado no jogo, mostrando bastante disposição nos desarmes e marcando alto as saídas de bola.

E era exatamente nessas saídas de bola que o time do Equador tentava fazer valer a sua já conhecida estratégia. Taticamente, o time se postava com três jogadores em sua grande área, dois abertos e um centralizado, além do goleiro, de forma a atrair a 1ª linha de marcação do rubro-negro.

Assim, a ideia era abrir espaços por trás dessa linha e possibilitar uma superioridade numérica no meio-campo para iniciar as jogadas de ataque. Só que desta vez o Fla não caiu na armadilha dos jogadores de camisa rosa, pois, embora marcasse alto, não dava o bote naquele trecho do campo, apenas aguardava o avanço do adversário para pressionar a jogada um pouco mais à retaguarda, na linha média de marcação.

Ao Del Valle restava se utilizar dos chutes a gol de fora da área, no entanto, sem o ar rarefeito da altitude e com o goleiro Hugo Souza no gol, desta vez não obteve sucesso.

Após longos meses, o centroavante Lincoln finalmente resolveu dar o ar da sua graça. Com boa movimentação e com passes precisos, acabou premiado. Aos 25 minutos, após cruzamento na medida do lateral Mateuzinho, acertou belo chute de chapa e abriu o placar.

Aos 29, num contra-ataque rápido, Gabigol atraiu a marcação de dois defensores equatorianos, serviu Pedro na entrada da grande área que só teve o trabalho de escorar pra dentro. 2×0.

Aos 42, uma baixa importante. Após um pisão de mau jeito no novo, mas ainda irregular, gramado do Maracanã, o camisa 9 Gabriel se lesionou e deu lugar ao atacante Bruno Henrique.

A 2ª etapa começou com o Flamengo postado de forma diferente, com as linhas um pouco mais recuadas e esperando o rival no seu campo. Mas isso não significa que tenha perdido intensidade, muito pelo contrário, continuou protagonizando a maioria das jogadas de ataque da partida.

Aos 51, foi a vez de Bruno Henrique fazer o seu. Em bola que sobrou na grande área, chutou forte e marcou o terceiro gol.

Aos 72, vimos o ‘fora de série’ De Arrascaeta, mais uma vez o melhor em campo, fazer jogada de gênio e colocar o nosso BH de cara com o goleiro. Daí foi um drible e mais um lá dentro. Não perca as contas: 4×0.

Com apresentação segura e de personalidade, o Flamengo não tomou conhecimento do Del Valle, embora com menos posse de bola, dominou a maioria das ações em campo, foi muito feliz nas finalizações e anulou o esquema tático armado pelo treinador Miguel Angel. Impossível foi não sentir aquele gostinho doce da revanche. Nada como um dia após o outro e uma noite de gala no meio.

Destaque maior foi para a garotada. Assim como no jogo de domingo pelo Brasileirão, foi excepcional o rendimento dos jogadores da nossa base. Sem nenhuma exceção, todos tiveram excelente participação, a começar pelo goleiro. E que goleiro.

De antemão, digo pra vocês que já tô até ouvindo a magnética exigindo que olhem com muito cuidado para os ‘crias’ na hora de escalar novamente os 11 titulares. Os meninos do Ninho estão piscando farol e pedindo passagem.

SRN.

Instagram: @wagnerluizserpa