Por Wagner Luiz Serpa
Semana passada, pela Sul-Americana, Diego
Alves deixou sua clavícula em lance de coragem e arrojo, salvando o que poderia
ser o primeiro gol do Júnior Barranquilla. A história de hoje começa por aí.
Já falei e vou repetir. Entendo o
futebol como um esporte extraordinariamente coletivo, dentro e fora das 4
linhas. Mas tudo tem um limite. E esse limite é cruzado quando deixamos de
observar o erro comum, o vacilo médio, e passamos a
analisar o desatinado, o negligente.
E após leve e breve reflexão, a
conclusão que chego é que o goleiro Muralha é
caso para estudo. Sinceramente, não consigo entender o
que se passa pela cabeça do mais novo maior algoz rubro-negro.
Um jogador em xeque, pressionado, execrado, repleto de péssimas
atuações e recheado de culpa em gols bisonhos que tomamos, desde
que o mesmo passou a vestir o rubro-manto. Será
que este seria o comportamento e a mentalidade mais adequada para a sua atual
realidade?
Ontem foi o
ápice. Tentou fazer o que não
precisava. O temerário. O improvável. Driblar um adversário
a três metros de um gol vazio? Cá pra nós, isso não é
coisa pra Muralha. Isso não é coisa nem pra Manuel Neuer. Logo
ele que todos dizem que anda sofrendo de profunda crise de
identidade e confiança, desde as mais recentes aparições e
falhas homéricas pelo Fla. Será? Não pareceu. Não
seria a boa e simples falta de
qualidade técnica? Acredito na segunda hipótese.
No momento difícil que o clube atravessa,
contando míseros pontos, juntando as migalhas, quase
mendigando uma vaga pra Liberta, aquela atitude foi no mínimo
irresponsável, leviana. Isso pra não usar outras palavras menos educadas
porém mais adequadas. Era chutaço e acabou. Chute na bola, na crise, pra
onde estiver apontando o nariz!
Concordo que o time como um todo
não vem lá mostrando futebol de alto nível. Não! Mas ontem foram 27
finalizações do Flamengo contra apenas três do Santos. Eu disse três!
Duas delas entraram. Na terceira, a trave teve que se encarregar
de defender. Como pode? Nada resiste a isso.
Analisando a tabela do campeonato e os
confrontos de nossos rivais diretos para as últimas vagas da
Libertadores, vejo que, definitivamente, acendeu-se o sinal
de alerta. Os quatro times, além do Flamengo, que ainda buscam a tal
classificação jogarão em casa e três deles
terão confrontos contra adversários pouco motivados e sem mais nenhum
objetivo na competição. Já o Flamengo enfrentará uma equipe num sprint louco!
Tentando escapar da degola e vindo de vitória fora de casa. E de virada. Abre
o olho, Mengãozinho.
A fatídica 38ª rodada se
aproxima e o temor, o fantasma de mais uma hecatombe rubro-negra
ficará até lá em nossos corações, até as primeiras horas da noite de
domingo.
Lembrai-vos de 17 de
maio. Lembrai-vos de San Lorenzo.
SRN. E não é pouco não.