sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Foi no modo Flamengo

Por Wagner Luiz Serpa

Primeiro foi o frio na barriga, peculiar das decisões.

Depois, o susto, o baque, a preocupação, uma contusão que não poderia acontecer. Não com ele. Um goleiro caído e um pedido de substituição.

Instantes depois, a bola defensável e o gol.

A partida nem bem começara e o Flamengo já sentia dois duros golpes. O cenário de caos se desenhava e os colombianos mostravam a que vieram.

Time enjoado esse de Barranquilla. Forte na marcação, aplicado na ocupação de espaços e com um baixinho na ponta direita que era um azougue e que deu muito trabalho. Aliás, dará de novo.

Após o gol, por alguns segundos, o Maraca, perplexo, se calou. Quem frequenta os jogos do Mengão sabe do que estou falando: é aquele momento de silêncio que perfura a alma. Mas depois vem o grito. Ontem veio o hino, cantado a plenos pulmões pelos mais de 40 mil presentes. Lógico que arrepia.

A resposta tinha que vir no campo, não tinha jeito. Mas não vinha, teimava. O time ‘inspiração zero’ de Rueda esteve em noite incrivelmente infeliz tecnicamente. Era bola alçada na área e quase nada além disso. No entanto, poderíamos enumerar mil palavras para definir a apresentação quase heroica de ontem: dedicação, aplicação, garra, sangue, vontade, suor, insistência...ontem seu nome foi Flamengo.

Só que o jogo era difícil, truncado, penoso e confesso que não acreditei que daria. Imaginei que se jogassem mil minutos aquela bola insistiria em não entrar.

“Mas quem és tu, pobre mortal, que não crê nos deuses da bola? Não sabes que eles vestem vermelho e preto? Siga teu povo e o regozijo virá no final!”

E quando tudo já se encaminhava pro derradeiro, de cabeça ao vento, o interminável Juan encontrou um cruzamento e colocou números iguais no placar.

E cai pra dentro, Magnética! Vem pro campo! Alguém leva a bola pro meio que a música não pode parar!

E não parou. Foram mais alguns minutos de peleja e, finalmente, a recompensa: em chute preciso e bem-aventurado, Vizeu, ele mesmo, o homem do dedo em riste, fez um golaço, explodiu a massa e me fez chorar. Tínhamos que vencer esse jogo.

No final, vi que o meu descrédito, minha desesperança era um equívoco. Mas que erro bom foi esse...

Só na bola não deu, teve que ser do modo Flamengo.


SRN. E não é pouco não.

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