domingo, 19 de novembro de 2017

Teve de tudo. Teve até atitude


Por Wagner Luiz Serpa 

A gangorra rubro-negra segue a todo vapor, mas hoje pelo menos estivemos na parte mais alta. E lembra o que conversamos outro dia sobre o intangível? Pois é, desta vez ele entrou campo.

A Ilha do Urubu foi palco ainda há pouco do confronto entre Flamengo e Corinthians. E a partida foi no mínimo interessante: estreia do menino Lincoln, goleada encima do campeão do torneio, golaço improvável de jogador esquecido no elenco e, pasmem, quebra-pau entre companheiros de time. Rolou de tudo um pouco. Teve até atitude.

O campeão brasileiro de 2017 entrou em campo para cumprir tabela, naquele ritmo meio que desinteressado e com desfalque de meio time. Só que o Mais Querido não estava ali pra fazer número, o resultado positivo era importantíssimo e essa história de entregar faixa pra campeão nunca fez muito a nossa cabeça. E se entregou, foi carimbada três vezes com o selo rubro-negro de qualidade. E cabia mais. Quanto aos desfalques, vamos combinar que essa foi a especialidade do Flamengo em 2017. Hoje não foi diferente.

O lance mais estapafúrdio do jogo e um dos mais bisonhos do rubro-negro no ano, foi o ‘fight’ entre o zagueiro Rhodolfo e o atacante Vizeu. Já vi coisa parecida no futebol, mas não nessa intensidade. Empurra-empurra na área, soco de cá, cabeçada de lá e a turma do deixa-disso entrando em ação. Com direito inclusive ao famoso “te pego lá fora”, como nos bons tempos do sub-11. Lamentável, inusitado e vergonhoso.

Mas nem tanto. E eu explico. Embora a cena tenha sido ridícula e passível até de punição pelo árbitro, alguma coisa de proveitoso podemos tirar do episódio. A leitura mais otimista seria que os caras estão tão mordidos, tão incomodados com a situação do time, com as cobranças da torcida, com a imprensa sodomizando, com os blogueiros na corneta, que a rapaziada já está de pavio tão curto que qualquer reação mais alterada dentro de campo já causa revertério. Sinal de que sentiram o golpe e estão buscando uma resposta. Enfim, o soneto foi péssimo, mas quem sabe a emenda não venha a ser boa no futuro?

Seriedade, arrumação tática e sangue nos olhos. O Flamengo de hoje foi o que tanto cobramos por aqui. E cá pra nós: a galera da ‘arquiba’ que veste vermelho e preto nem de longe tem como característica exigir do time o jogo bonito, o drible improvável, o show de bola. Não! Se vier é lucro. A nossa praia é outra, parceiro! O Flamengo foi forjado na rua, na chuva, no barraco improvisado, na casinha de sapê. Flamengo é raiz, é Rondinelli, e o nosso combustível sempre foi a vontade, a disposição, o carrinho na linha de fundo, a briga, a raça. E o que verdadeiramente nos representa é a atitude de vencedor que trazemos no nosso DNA. Na bola, no peito, do jeito que tiver que ser. Flamengo é isso.

Somos todos favela. Somos todos rubro-negros.

E não é pouco não.


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