terça-feira, 25 de agosto de 2020

Uma Carta para Domènec

Por Wagner Luiz Serpa


Fala Dome, como vai? Estou precisando conversar com você. Faz um favor? Senta aqui do meu lado e vamos levar um papo.

A gente sabe que você não é o único culpado do time estar nessa má fase. A gente sabe também que a rapaziada em campo tá meio fora de forma, meio desanimada, mas isso tenho certeza que será resolvido. No entanto, embora não tenha toda a culpa do mundo sobre seus ombros, infelizmente tenho que te dizer que você está colaborando bastante pra isso.

Seguinte, Dome:

Você tem mexido mal no time, mas mal demais. Suas substituições beiram a bizarrice. O que está acontecendo? Você ainda não conhece bem o elenco? Você conhece pelo menos o esquema tático do ano passado? Tem ideia do nível de sofisticação que esse time alcançou? Então vou te ajudar. O que acha de estudar melhor a sua equipe? Ou então que tal tentar dar continuidade ao que vinha dando certo? Pelo menos por enquanto.

Dome, presta atenção em dois caras do elenco, um é o Everton Ribeiro e o outro o De Arrascaeta. Eles são simplesmente as usinas de criatividade do nosso meio-campo. Sem eles, o time não anda. Então, pra tirar esses caras, você tem que ter algum motivo muito justo e pontual: uma contusão, cansaço extremo, ou algo do gênero. Fora isso, deixa eles em campo, ok?

Professor, aquele cara alto que joga do lado esquerdo da zaga é o Léo Pereira. Ele era bom jogador até vestir a camisa do Flamengo, depois que vestiu parece que o Manto Sagrado tá pesando. Presta atenção nele que o “bicho” tá inseguro, sem confiança nenhuma. Aí no banco de reservas tem um rapaz que se chama Thuler, é cria nossa. Dá uma chance no time titular que o garoto tá voando.

Quando você tiver um tempinho, tenta observar com carinho o futebol do Thiago Maia. Andam falando que esse cara está jogando o “fino” da bola. Aí você faz o seguinte: escolhe algum volante pra sacar e dá essa vaga pra ele, ok?

Sabe esse jogador que você coloca sempre no segundo tempo alegando que é pra ter mais velocidade pelas pontas? O nome dele é Vitinho. Ele não é um jogador rápido, professor. Se é velocidade que você quer, a tua praia é o baixinho Michael. Ele é do clube, tá regularizado, nome no BID, tudo certo. Tá liberado pra escalar ele, entendeu?

O que usa a camisa 9, ele que é o Gabigol. O cara foi artilheiro das duas últimas edições do brasileiro. Então, não vai ajudar muito se você escalar um cara que se chama Gabigol pra jogar longe do gol. Se ele não estiver bem, pode tirar do time, mas na ponta-direita não rola.

Professor, tem um do ataque que é o Bruno Henrique, o camisa 27. Joga muito, mas tem andado meia-bomba. Dá um banco nele pra vê se acorda. Depois, escala aberto na esquerda, que foi onde ele fez chover ano passado. Não adianta você querer inventar a pólvora e tirar um dos melhores jogadores do Brasil da posição dele. 

Ah sim, já ia me esquecendo: no último domingo, teve um jogador que entrou como titular, o Pedro Rocha, lembra? Eu notei que era o melhor do time até o momento de ser substituído. Aí, é o seguinte: quando tiver um jogador indo bem na partida, você evita substituir, o que acha?

Por fim, queria dizer pra você ficar tranquilo, pois sei exatamente a falta que faço na arquibancada. Sem mim, o time entra em campo sem seu principal jogador. Sem querer ser pretensioso, mas acho que se não fosse pela minha ausência talvez as coisas não teriam desandado desse jeito. Tudo bem, já já estarei de volta.

 Só presta muita atenção numa coisa: enquanto eu não estiver por perto, a sua obrigação é cuidar muito, mas muito bem do meu Flamengo. Não sei se sabe, mas tudo isso aí é meu.

SRN.


 

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