quinta-feira, 17 de setembro de 2020

É esse o Flamengo de Domènec?

 


Por Wagner Luiz Serpa

Lá se vão três séculos que nosso continente foi amplamente colonizado pelos europeus. E foi na base da espada e do sangue derramado que as nações sul-americanas conquistaram sua liberdade. Quase todas. Assim, marcados na história ficaram os grandes homens que lideraram seus exércitos e arrancaram a tão sonhada independência. Eles são conhecidos como os libertadores da América.

Séculos depois, iniciava-se aquele que viria a ser o mais difícil, o mais duro, o mais complexo torneio de futebol do planeta, torneio esse batizado com o nome que homenageia aqueles heróis.

A Taça Libertadores da América, ou Conmebol Libertadores como agora é conhecida, é um esporte à parte. É coração quente, é mente gelada, é estádio-caldeirão, é intimidação, é torcedor hostil, é falta de oxigênio. É a máxima provação, o desafio maior em busca da glória eterna. No nosso caso, a guerra agora é pelo tricampeonato. No entanto, pelo que vimos hoje, todo esse clima de combate e sangue nos olhos parece não fazer mais parte do perfil do nosso ‘novo’ Flamengo. Simples assim.

Hoje, foi no frio e na altitude da cidade de Quito no Equador que o atual campeão Flamengo voltou a campo para mais uma batalha. Desde o último jogo da fase de grupos, foram exatos 190 dias de espera. O rival desta noite foi o eficiente, matreiro e traiçoeiro Independiente del Valle, comandado pelo competente Miguel Angel Ramirez, treinador que foi alvo do Fla antes da contratação de Domènec.

O Rubro-negro iniciou a partida escalado sem o famoso ‘Dome-rodízio’. Bom, pelo menos eu acho que não. Na verdade, não temos como afirmar, pois tem sido bem difícil compreender qual o critério utilizado pelo técnico. O que sei é que Diego Ribas e Willian Arão iniciaram jogando e o atacante Bruno Henrique esquentando o banco. Vida que segue.

Jogo morno, sem graça e em baixíssima rotação no 1º tempo, mas mesmo assim, com os erros sucessivos de saída de bola e com a já conhecida marcação frouxa do Fla, várias foram as chances de gol criadas pelo Del Valle. Numa dessas, facilmente abriram o placar. O time do Independiente é rival duro, disso já sabíamos, gosta da bola e briga muito por ela. E isso é tudo que não vemos mais no Flamengo.

Na 2ª etapa, quando se esperava uma reação do time do Ninho, foi aí que tudo desandou de vez. Apático, sonolento, frágil, inoperante, confuso e mal treinado, o irreconhecível Flamengo tomou um gol atrás do outro. Acho que foram cinco, mas a verdade é que cabiam muito mais.

Goleado e, pior que isso, dominado com muita, muita facilidade. Não estamos mais acostumados com isso.

A preocupação agora é com a continuidade do trabalho, pois, com o altíssimo investimento feito, isso não é papel que se faça. Mas não é mesmo.

Com toda a minha indignação e perplexidade, deixo a pergunta pra vocês: é esse mesmo o Flamengo de Domènec?


Instagram: @wagnerluizserpa


Nenhum comentário:

Postar um comentário