quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Classificou, nada além.


 Por Wagner Luiz Serpa

O Flamengo jogou ainda há pouco no Maracanã. Jogou e se classificou pras quartas de final da Copa do Brasil. Bem longe de uma atuação convincente e diante de um rival desfalcado e tecnicamente muito inferior, a verdade é que os donos da casa fizeram apenas o suficiente pra vencer e passar de fase.

No tradicional e já conhecido sistema 4x2x3x1, com ER7 aberto na direita, BH27 na esquerda e o atacante Pedro centralizado. Pelo meio, Willian Arão como volante de contenção e a dupla Gerson e Thiago Maia mais avançados, formando o triângulo invertido, peculiar das equipes que bebem na fonte do jogo posicional.

No papel, esquema eficiente e aparelhado com jogadores de muita qualidade, quanto a isso não há dúvidas. No entanto, na prática, o time de Domènec tem sido duas equipes muito distintas em campo: tem o Fla do setor ofensivo e um outro Fla do setor defensivo.

O ataque da Gávea tem funcionado, feito gols, perdido outros é verdade, mas o balanço é positivo pra rapaziada da frente. Hoje tivemos gol de Pedro aos 23 e aos 33 do 1º tempo. Michael também marcou aos 31 da 2ª etapa.

Já a linha defensiva do rubro-negro carioca beira o pesadelo, tem se mostrado extremamente mal organizada, frágil, vulnerável. Como toma gol o Flamengo do Sr. Torrent. No confronto desta noite, foram mais dois, um do volante Érick e outro do atacante Bissoli.

Uma outra característica do Mengo versão 2020 é a descompactação entre linhas. Se imaginarmos os jogadores distribuídos em três linhas transversais ao campo de jogo, vemos o time do Ninho jogar desagrupado, deixando espaços grandiosos entre esses blocos de marcação, o que facilita sobremaneira a infiltração dos adversários. Nada parecido com o que ensina a cartilha do jogo de posição.

O que também tem tirado o nosso sono são os inúmeros erros individuais, principalmente nas saídas de bola, problema esse que vai se perpetuando, jogo após jogo. Hoje foi de forma generalizada: goleiro, zagueiros, laterais, meias, todos deixaram sua marca em passes errados e que, como de costume, geraram extremo perigo a nossa meta. De um deles saiu um gol.

No final, ganhou e cumpriu a missão da classificação, mas o sinal de alerta já está há um bom tempo ligado. Temos batalhas homéricas pela frente e não vai ser qualquer Flamengo que será capaz de dar conta do recado.

Por fim, deixo uma singela pergunta: um elenco de tão alto investimento e que almeja objetivos tão grandiosos na temporada pode sofrer 34 gols em 25 jogos? Para refletir.

SRN

Instagram: @wagnerluizserpa

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